A Pérola

A Pérola constitui uma parábola poética sobre as grandezas e misérias do mundo. Um mundo contraditório, objetivado nas ambiguidades entre pobreza e riqueza, poder e despojamento, humano e mais-do-que-humano. A partir da obra homónima de Steinbeck, narrativa com origem num conto tradicional mexicano, conhecemos aquilo a que chamam a “pérola do mundo” e a sua interferência na vida de uma família de pescadores em busca de uma vida melhor.
Paradoxalmente, a descoberta desta pérola altera a ordem que sempre conheceram, catalisando reações numa comunidade marcada pela desigualdade social extremada em que as possibilidades de luta de classes são reduzidas e aproveitadas. Vemos assim a tentativa de manutenção do fino equilíbrio entre uma vida simples, em harmonia com a terra, mas de frágil subsistência. Por contraste, assistimos também à vontade de acesso a bens materiais que permitam à sua prole alcançar o conhecimento e o poder de não ser subjugado.

Paredes com ouvidos

RUGAS, Associação cultural apresenta Paredes com ouvidos.

As paredes assistem e testemunham em silêncio.

Se falassem, se acordassem do sono do esquecimento, poderiam contar a história dos corpos e das sombras, das vozes, dos gritos, e dos silêncios de que foram testemunhas. A BEM DA NAÇÃO E DO POVO PORTUGUÊS,
“ …a vida de algumas crianças e de algumas pessoas indefesas não vale bem, não justifica largamente, meia dúzia de safanões a tempo nessas criaturas sinistras?”
                                                                            – declaração de António de Oliveira Salazar sobre os maus-tratos levados a cabo pela polícia política, numa entrevista concedida ao jornalista António Ferro em 1932.

 

Iniciava-se o Estado Novo, regime erguido pela Constituição de 1933. O novo regime.

Da suspeição, da incerteza, da denúncia, da censura, da tortura, do medo e do terror. Não para todos, somente para os que acreditavam e defendiam o livre pensamento e a livre expressão.

Amor é um fogo que arde sem se ver…

AMOR É UM FOGO QUE ARDE SEM SE VER (2024) conta a viagem de Luís Vaz, o navegador da Língua Portuguesa, transportando memórias de amores e desamores, muitas perdas e maus tratos e prisões operados em sigilosos conluios por muitos inimigos seus contemporâneos. Tempo de disputas, glórias e intrigas, os perigos da inquisição ameaçaram sempre um dos homens mais livres do seu tempo e sem dúvida o seu maior poeta. Depois de aventuras e desventuras que lhe vão acontecendo na sua pátria vai de viagem na rota de Gama. E consigo leva a Língua Portuguesa, ainda em construção.

Olhado como um texto épico Os Lusíadas são também o grande relato da aventura da língua portuguesa que nessa obra/ viagem se confirma e consagra.

Perseguindo sempre a aventura mais arriscada, seja ela o amor, a viagem ou a poesia, na Índia conhece Garcia d’Orta, Diogo do Couto, apaixona-se, conhece Macau conhece a Ilha de Moçambique, Dinamene. Num naufrágio perde a amada e salva a nado o poema ao qual já dedicara anos de vida.

17 anos passados sobre a partida para a India, regressa à pátria. Sempre mais rico, sempre mais pobre, quase sempre só. Traz consigo apenas o escravo Jau que o acompanhará até ao fim. Não sabemos quem morreu primeiro, são ambos eternos.

Em Portugal apresenta os Lusíadas ao censor do Santo Ofício, embora com cenas eliminadas a obra é autorizada. A sua visão da” máquina do mundo” não é aceite e a cena da ilha dos amores é quase truncada. O passo seguinte é mostrá-la a Dom Sebastião. O rei gosta dos Lusíadas e aprova a concessão de uma tença de sobrevivência ao poeta. Não fosse a doença as coisas pareciam começar a correr melhor ao poeta e a vida começava a passar.

Tempo último…

Camões vai a Belem ver sair os barcos para Alcácer – Quibir. Ele está no fim. E Portugal está perto do Desastre. Juntam-se as duas sortes. Regresso a casa… Camões é apoiado pelo escravo Jau que lhe dá de comer e o acompanha. E o poeta do amor, tal como os marinheiros do Gama passa à eternidade embalado pela música do mar e das ninfas da ilha dos amores.

Momento feliz enfim… O reencontro com a beleza acompanha o regresso do poeta à sua ilha recuperada numa invocação da paz a que todos aspiramos.

 

Maria do Céu Guerra

ESPÉCIES LÁZARO

ESPÉCIES LÁZARO é uma comédia áspera e azeda em que quatro personagens masculinas de diferentes origens e condições coincidem num mesmo lugar sem ter, aparentemente nada em comum além de tomar forças para voltar à sua vida antiga e mudar radicalmente o curso da mesma. Durante a sua convivência inesperada num espaço arrasado pelo fogo, com avistamento duma espécie lázaro como único objectivo, os quatro personagens descobrirão um sentido comum que fará mover todas as suas certezas. Nesta ocasião, a autora, – Vanesa Sotelo, também responsável da montagem cénica retoma a sua reflexão sobre a ruptura de fronteiras a através das raízes da língua galega e portuguesa.

O PRÍNCIPE

“O Príncipe” é uma adaptação da tradução de “O Principezinho” de Joana Morais Varela, @Editorial Presença, 2001. É uma história intemporal que promete encantar não só os mais novos, como também os mais velhos. Tudo começa quando um piloto perdido no deserto do Sahara, devido a uma avaria do seu avião, assumindo-se como narrador da história, conhece um pequeno príncipe que lhe pede para desenhar uma ovelha. Ao longo da peça acompanhamos as aventuras do príncipe, nos diferentes planetas e as suas interações com diversos personagens, enquanto o piloto vai aprendendo lições valiosas sobre amor, amizade, solidão e a importância de se ver com o coração.

AS CARTAS DE PENÉLOPE

“ (…) o que mais me impressionou foi a correspondência de guerra, as cartas trocadas pelos militares em campanha com os seus familiares e amigos(…) informação volumosa, inédita, valiosa. (…) [que pode] constituir um novo olhar sobre a guerra colonial – útil e, mesmo, necessário.”
Aniceto Afonso, Director do Arquivo Histórico Militar e Fundador da LAAHM – Liga dos Amigos do Arquivo Histórico Militar in SINAIS DE VIDA, cartas da guerra 1961-1974 de Joana Pontes. A guerra colonial vista pelos protagonistas. Os que foram e os que ficaram à espera. Toneladas diárias de cartas trocadas entre África e a Metrópole portuguesa. A constante dúvida do retorno. Era, sobretudo, através de cartas, aerogramas e
fotografias que militares e família mitigavam a solidão, reduzindo, da única forma possível, a distância que os separava.
Uma leitura performance, uma conversa de roda de correspondência e uma exposição, para que a memória não se desvaneça. Uma criação artística de cruzamento entre a arte performativa e visual, com recurso –
por um lado – a pesquisa de arquivo, espólios particulares de cartas, aerogramas,
fotografias, testemunhos reais; e – por outro lado – à consulta da obra SINAIS DE VIDA de Joana Pontes (investigadora e realizadora), orientadora do trabalho de pesquisa e investigação dramatúrgica neste projeto.

A BONECA MATILDE

Nos preparativos finais para o espetáculo, descobrimos que a principal atração, a boneca que deveria fazer a animação circense, tem medo de alturas. Cabe então à sua assistente, com a ajuda do público, e através de muitas peripécias, ajudar a boneca a ultrapassar esse medo e fazer a sua atuação. Este é um espetáculo interativo para crianças dos 3 aos 12 anos, onde o público tem um papel essencial no desenvolvimento e na conclusão da história. O espetáculo não tem texto e toda a comunicação é feita através de mímica, técnica de clown e linguagem corporal. É uma aventura partilhada entre as atrizes e o público, onde toda a ação decorre sem ser proferida uma palavra.

SERENATA DE TCHAIKOVSKI

  É com muito prazer que o Teatroesfera receberá na 6ª feira, dia 15, pelas 21h30,um concerto pela Orquestra Municipal de Sintra_D. Fernando II, no âmbito da política de descentralização associada a este projeto municipal, cumprindo assim um dos desígnios fundamentais da Orquestra Municipal que é o de levar a grande música à população do Concelho.
      Do ponto de vista do reportório a interpretar, o programa será preenchido com obras emblemáticas do romantismo, nomeadamente a Serenata para cordas de Tchaikovsky, escrita em 1880, a Suite Holberg, de Grieg, de 1884 e a Serenata de Elgar, obra de 1892.

A COMPANHIA – Lusíadas, o musical pimba

Uma companhia de teatro na bancarrota, decide levar à cena um musical, na tentativa de recuperar o público perdido.
O desafio: produzir «Lusíadas, o Musical” com temas de compositores incontornáveis tais como Zeca Afonso, Sérgio Godinho, Rui Veloso, Xutos e Pontapés, Amália Rodrigues, etc…
Com a aproximação da estreia a companhia dá uma estrondosa conferência de imprensa, divulgando que o maior Musical da História do Teatro Português já tem data marcada!
Mas o que à partida parecia um sucesso garantido, rapidamente se transforma num pesadelo confirmado.
Sem dinheiro para pagar os direitos de autor dos músicos pretendidos, a companhia vê-se obrigada a avançar com as únicas canções cuja licença de utilização pôde pagar: MÚSICAS PIMBA.
Como reage o elenco a esta mudança?
Será que todos sobrevivem aos ensaios?
Irão eles conseguir estrear o espetáculo?
O que dirá a crítica?
A Companhia é um espetáculo hilariante e imprevisível do princípio ao fim, com doses massivas de loucura e música contagiante.
Uma sátira aos meandros das companhias teatrais portuguesas, que lutam diariamente para sobreviver.