AMOR É UM FOGO QUE ARDE SEM SE VER (2024) conta a viagem de Luís Vaz, o navegador da Língua Portuguesa, transportando memórias de amores e desamores, muitas perdas e maus tratos e prisões operados em sigilosos conluios por muitos inimigos seus contemporâneos. Tempo de disputas, glórias e intrigas, os perigos da inquisição ameaçaram sempre um dos homens mais livres do seu tempo e sem dúvida o seu maior poeta. Depois de aventuras e desventuras que lhe vão acontecendo na sua pátria vai de viagem na rota de Gama. E consigo leva a Língua Portuguesa, ainda em construção.
Olhado como um texto épico Os Lusíadas são também o grande relato da aventura da língua portuguesa que nessa obra/ viagem se confirma e consagra.
Perseguindo sempre a aventura mais arriscada, seja ela o amor, a viagem ou a poesia, na Índia conhece Garcia d’Orta, Diogo do Couto, apaixona-se, conhece Macau conhece a Ilha de Moçambique, Dinamene. Num naufrágio perde a amada e salva a nado o poema ao qual já dedicara anos de vida.
17 anos passados sobre a partida para a India, regressa à pátria. Sempre mais rico, sempre mais pobre, quase sempre só. Traz consigo apenas o escravo Jau que o acompanhará até ao fim. Não sabemos quem morreu primeiro, são ambos eternos.
Em Portugal apresenta os Lusíadas ao censor do Santo Ofício, embora com cenas eliminadas a obra é autorizada. A sua visão da” máquina do mundo” não é aceite e a cena da ilha dos amores é quase truncada. O passo seguinte é mostrá-la a Dom Sebastião. O rei gosta dos Lusíadas e aprova a concessão de uma tença de sobrevivência ao poeta. Não fosse a doença as coisas pareciam começar a correr melhor ao poeta e a vida começava a passar.
Tempo último…
Camões vai a Belem ver sair os barcos para Alcácer – Quibir. Ele está no fim. E Portugal está perto do Desastre. Juntam-se as duas sortes. Regresso a casa… Camões é apoiado pelo escravo Jau que lhe dá de comer e o acompanha. E o poeta do amor, tal como os marinheiros do Gama passa à eternidade embalado pela música do mar e das ninfas da ilha dos amores.
Momento feliz enfim… O reencontro com a beleza acompanha o regresso do poeta à sua ilha recuperada numa invocação da paz a que todos aspiramos.
Maria do Céu Guerra